Sobre a entrevista de Dilma Rousseff ao JN

Uma amiga perguntou a minha opinião sobre a entrevista dada pela presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff, ontem (18), ao Jornal Nacional. Aproveitarei o dito à ela – com algumas singelas mudanças de termos –  para passar a vocês o que eu acredito.

Bom, pra começar, eu precisei ver a entrevista quatro vezes e ler a transcrição dela outras duas para conseguir assimilar o que a candidata disse. Devido as emendas de frases sem contexto entre si, que acabaram por deixar a entrevista repleta de respostas vagas.

Se pararmos para analisar a entrevista, reparamos que a candidata esquivou-se de praticamente todas as perguntas, mudando de assunto ou simplesmente respondendo algo que não lhe foi questionado, como no momento em que Bonner a indagou sobre corrupção e a posição do partido.

Também vi uma pessoa falsamente calma, seu nervosismo era transparente, porém sua postura serena fez com que os entrevistadores tomassem o papel principal e fossem encarados como agressivos. Não é negar ou questionar a rispidez de Bonner e Patrícia, porém a postura dos dois não deveria ser o assunto discutido por todos, mas sim a candidata e as suas propostas.

Então voltando a Dilma, ela conseguiu responder apenas quatro perguntas (o que deve ter deixado a assessoria da candidata bem contente), porém em nenhum momento conseguiu emplacar um de seus slogans de governo e campanha ao qual já estamos acostumados.

Dilma Rousseff usou suas velhas frases como escudo e fugiu de assuntos mais atribulados como o envolvimento de seu partido em casos de corrupção ou as constantes e duvidosas movimentações de cargo em seu governo.

A entrevista em um parâmetro geral não teve vultosos momentos e, diferente do que se imaginava, Dilma não falou bobagens. Em minha opinião o ponto mais alto dos quinze minutos foi a complicada indagação de Patrícia Poeta sobre a saúde pública e o lamentável “eu não acho” que a presidente usou como resposta.

No embate quem saiu vencedor foi o jornalismo, que ganhou uma grande entrevista. Com estrutura apreciável, pauta concisa, linhas bem marcadas e jornalistas de postura ímpar o Jornal Nacional acertou.

 

Entre ser Deus e Diabo

Dias Gomes traz sorrateiramente a tona conflitos vivenciados até hoje. O urbano e o rural, o ceticismo e a religião, o cristão e o umbandista, o rigoroso e o liberal, a vida e a morte, a razão e a emoção.

A forma com que as pessoas aproveitam de tudo para a autopromoção, o preconceito e o regionalismo e ali retratados, mostra que diferente do que muitos falam o egoísmo não é característica do século XXI, olhamos apenas para nós desde sempre. Somos tão focados em si ,e na história do “Carpe Diem” que diversas vezes esquecemo-nos de prestar atenção no que o passado tem a ensinar.

O Zé do burro é um homem de espírito livre, um homem simples e cheio de dificuldades, mas que vive por aquilo que acredita e não desistirá disso e nem de si. Ele, juntamente com os esquecidos e os profanos são impedidos de entrar na igreja, mas por quê? Porque nós temos papéis invertidos. Deus e o Estado não acolhem muito pelo contrário, eles reprimem àqueles que não podem arcar com a custa de seu calor.

O Pagador de Promessas é corrupção, é preconceito, é autoritarismo, é malandragem, é infidelidade ao jornalismo, é sensacionalismo, é Brasil. O Pagador de Promessas é ignorado, menosprezado e satirizado por toda uma cidade que desconfia de sua história.

Assim como Magno, Suassuna, Agenor, Renato e, até mesmo, Eduardo Campos – porque não? – que passaram toda a vida tentando mostrar quem eles eram, tentando mostrar seu pensamento, seus ideais, defender a historia e a população, mas durante toda essa mesma vida foram menosprezados, subestimados, esquecidos, difamado e hostilizados por nós, afinal somos assim. Adoramos renunciar nossas mentes, mas depois que é irreversível adoramos mais ainda promove-las a deus.